Não há nada de novo debaixo do sol
“Dois homens de meia-idade conversam na varanda de uma casa, apreciando o pôr do Sol. Um deles diz: ‘Quando o mundo estiver nas mãos dos jovens, a civilização estará acabada. Eles não respeitam os valores tradicionais de nossos antepassados. Eles são fúteis e irresponsáveis. Só pensam em diversão e não querem nada com estudo e trabalho.’
Isso, meus caros, passou-se na época dos gregos, mais ou menos quinhentos anos antes de Cristo. Então fica a pergunta: mudou alguma coisa? Logo se pensa: debaixo do sol não há nada de novo, é tudo uma questão de tempo!
No texto, que se passa há mais de 2500 anos, mostra-se algo que, apesar de antigo, é tão atual quanto o próprio presente. As reclamações sempre existiram e não irão cessar antes do nosso fim. Quando chegarmos a um determinado tempo de vida, vamos acreditar que aquele tempo ainda é pior do que o que vivemos hoje. Pode-se tirar exemplo de senhores em praças e rodoviárias, alimentando pombos e jogando conversa fora, geralmente sobre um tempo que não volta mais.
A história sobre os dois homens, na sua intenção mais branda, aborda a concepção de que nada muda para o mundo e muito menos para suas gerações futuras, mesmo que se tenha tecnologia, o modelo de sociedade ainda vive em moldes primários e primitivos. Imagina se dois homens de meia-idade conversam sobre um assunto abordando o mesmo tema relacionado a jovens. Os seus velhos passados faziam o mesmo, e é bem provável que hoje você converse esse assunto, dependendo da situação temporal em que você está.
O fato de se julgar jovens irresponsáveis, crianças sem juízo e mulheres prostitutas sempre existiu e foi um problema para ocupar a cabeça dos desocupados. O mais intrigante dentre esses julgamentos é o ponto crítico totalitário da massa, que sempre foi e acredito que ainda vai ser para uma grande maioria muito mais fácil: falar sem saber e pré-julgar sem conhecer. A busca por conhecimento é longa e árdua, e ter opinião própria é uma virtude desde os tempos em que o homem apenas murmurava pensamentos e não os emitia, por não saber expressar seus íntimos. Não se pode estudar um molde de sociedade sem antes ter vivenciado a mesma. Não é igual a cálculos, onde se tem o resultado exato após se fazer inúmeras contas e rotas. Para se chegar a um único ponto que seja, no mínimo favorável para todos, é preciso vivenciar esse ponto. Os exemplos de democracia são recentes, se comparados a reinados passados e civilizações antigas. Grupos sobreviviam mais e melhor, enquanto os que buscavam prosseguir sem amparo, automaticamente eram esquecidos, e pessoas assim morriam em fogueiras ou em forcas, simplesmente pelo fato de não cederem a ideias de costumes religiosos ou políticos.
Não se tem certeza do que é bom ou ruim, sendo que esse assunto sempre foi abordado e discutido, seja por homens a milhões de anos atrás, seja por homens o discutindo daqui a milhões de anos no futuro. É como se tudo não passasse de mera perda de tempo, assuntos rotineiros apenas ocupam as cabeças vazias de quem não consegue absorver maiores irregularidades no plano social. O seu time de futebol não vai passar a vencer mais, simplesmente pelo fato da sua torcida organizada declarar violência gratuita em estádios de futebol. O seu deus não vai te perdoar pelo dinheiro a mais que você coloca na hora da oferenda e muito menos o seu chefe vai te dar aumento ou no mínimo considerações apenas por você reclamar do serviço com seus amigos na mesa de um bar. A crítica é necessária, contando que seja construtiva e inteligente, sendo que essa precisa de aceitação de quem a recebe.
Os jovens não vão melhorar apenas pela conversa alheia da vizinhança na beira de uma calçada enquanto aguardam o ônibus para o trabalho, muito menos o país vai se aprimorar com críticas dirigidas à televisão em voz alta enquanto se assiste ao jornal ou a alguma novela reprisada. Normalmente, acha-se proveitoso falar mal do outro, mas aceita-se muito pouco a opinião alheia. O cenário que compõe o todo ainda sobrevive, mesmo depois de ter criado inúmeras espécies que o desrespeitam. Contudo, sabe claramente que as que vivem mais são muito mais velhas do que nós, meros humanos. Imagina-se ser possível daqui a milhares de anos uma nova concepção de vida, colhendo nossos fósseis e aceitando claramente que são mais evoluídos do que a gente.
Os problemas sempre serão discutidos, mas o melhoramento desses problemas, diga-se dessa maneira, não vai perdoar quem não aceitar o futuro. Homossexuais sempre existiram; quantos não caíram na Alemanha? Os negros são a raça humana mais velha do planeta. A Igreja Católica já foi um monopólio, as mulheres não trabalhavam há um século atrás e os reis ainda existem. Temos muito pouco tempo de vida para aprender sobre tudo, e ainda assim, insistimos em falar de assuntos tão passados e sem importância. O mundo é feito de comunicação, não há de se negar, mas o fato não é esse; é simplesmente usar esse meio para construir algo. A comunicação gerou as maiores revoluções do homem, no exato momento em que o ser humano aprendeu a expressar seus pensamentos, deu-se início à concepção entre bem e mal. Até então, se comia para sobreviver e fugia para não virar comida, como no mundo animal. Se respeitava quem era maior, havia uma hierarquia, uma cadeia alimentar. Quando se emitiu o conceito de expressar os sentimentos, foi que passamos a buscar entender o conjunto. Nos organizamos melhor e aprendemos que nunca se vence uma guerra lutando sozinho. A partir daí, passamos só a nos comunicar, dando-se princípios para o processo de evolução social.
A história, se analisada a fundo, é a ciência mais eficiente que existe. Tudo o que temos é registro da comunicação deixada por antepassados que buscavam o entendimento alheio, exportavam seus pensamentos para fora; com a fala e posteriormente à escrita, desde os signos estampados em cavernas milenares até blogs na internet. Tudo o que sabemos e buscamos está gravado na história. E a história está entre nós há bem mais tempo que a Bíblia ou qualquer teoria chamada Big Bang. Acredita-se, entre alguns, que o espaço é finito e não tem fim. Essa ideia de pensar que algo pode de fato não ter paredes ou que nunca vai acabar é plenamente natural a nós, por isso a fantasia de uma outra vida, com os princípios humanos de bem e mal, ruim e bom, preto e branco, meio e inteiro. Essa fantasia de viver no céu ou no inferno é construída pela nossa imaginação, porque, pensando bem, seria frustrante não continuar; a vida é tão mágica, afinal.
O ser humano que comete suicídio é um ser humano fora de todas as expectativas representadas pela vida, pois acredita na falha e se joga no esquecimento interno. Nenhum outro animal da face terrestre comete tal irregularidade; é constante a luta pela vida, por isso precisamos acreditar em algo ou alguém que possa cuidar de tudo isso. Os deuses já foram muitos no passado: Zeus, Sol e outros da Grécia, Egito, Japão, entre tantos. Jesus é uma gota no oceano do tempo e da história social. Não sou ateu, só estou me referindo à palavra criada pela Igreja Cristã, nada além disso. “A mentira repetida várias e várias vezes passa a ser uma verdade incontestável”… Não há de se negar que não tem sentido acabar; por isso passamos a buscar um lado espiritual nas coisas, na vida. O que antes era tratado como magia pelos anciões era, de fato, a medicina da época abordada pelos curandeiros; hoje é a fantástica medicina, e todos nós sabemos que os mágicos, de fato, não passam de charlatães. Tudo se torna muito evidente quando os anos correm e entendemos pensamentos alheios, sendo que estes são apenas mensagens enviadas através da comunicação. Passamos a entender o que o próximo quer dizer, e quem não grava essa comunicação se perde no vazio do nosso eterno espaço.
A Bíblia é o livro mais contemporâneo e inteligente que se difundiu para o mundo utilizando os meios de comunicação. Você acha que os escritos mais sagrados do mundo estão no Vaticano à toa, apenas pelo fato deles não se perderem no tempo. Inúmeros estudiosos lutam contra o poder da igreja em manter escritos antigos escondidos, pois se sabe que são escritos fundamentados na lei mundana e com ideologias contrárias à Igreja. A Bíblia explica tudo de forma espiritual e mágica, não se leva em consideração mais estudos e mais opiniões diferenciadas. Todos os livros que compõem a Bíblia são de assuntos relacionados ao mesmo segmento de crença. Se Jesus teve apenas 12 apóstolos, por que o livro sagrado tem 73 livros, sendo 46 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento? Contudo, a abordagem dos temas é sempre com o mesmo objetivo de simbologia espiritual. Poderia conter em livros do Antigo Testamento citações dos filósofos mais influentes do pensamento humano, como Aristóteles, Sócrates, entre vários outros, mas a diferença humana em estabelecer bem e mal criou-se dentro da própria igreja, sendo que esta deveria propagar apenas o bem. O juízo de céu e inferno é a prova concreta dessa divisão. Digo isso não só em relação àquelas que exploram pessoas, capitalmente falando, onde se compra terrenos em um outro plano considerado céu, admitindo que hoje é, com certeza, a maioria que oferece esses serviços.
O problema sutil aos olhos sociais são os pequenos e irregulares diálogos que atingem a integridade moral de uma pessoa, uma família ou até uma comunidade, seja ela qual for: homens, mulheres e até bissexuais. Quem gosta de ser criticado? Praticamente ninguém. Gera-se revolta interna, a aceitação de algo diferente arranha as estruturas corporais de um indivíduo. O grupo maior tem vantagem, até o ponto em que é preciso uma conversa; antes disso, não existe acordo que faça um determinado grupo de pessoas iguais desistir. Contudo, é um processo lento e rigoroso. É inevitável pensar que pessoas vão aceitar ordens; nenhum animal do mundo utilizou de escravidão se não o homem. É absolutamente inviável e impossível, digo, escravidão mental à qual ainda somos reféns incontestáveis. Não há de negar que absorvemos pensamentos comuns aos nossos para que tenhamos companhia e entendimento. A busca para ser aceito e passar a participar de uma comunidade é muito mais buscada do que se possa imaginar. E ainda mais intenso que isso é a busca por tentar entender o que a nova comunidade pode oferecer aos que já tomam conta da sociedade atual. A busca por entender o que o próximo quer expressar é constante e primorosa.
Debaixo do sol não há nada de novo; está na Bíblia e na cabeça do homem desde os tempos da roda, ou ainda muito mais atrás do que isso. Não há nada de novo que não seja velho. A partir de uma expressão, se pode adivinhar o que você está sentindo; exalamos pensamentos com os olhos. Imagine a ideia de não entender o que o próximo quer dizer. Pessoas que não veem, ainda assim, conseguem participar do meio totalitário, onde alguns chegam a se tornar grandes artistas memoráveis. Existe aceitação na sociedade, enquanto que, para os surdos, não há lugar algum que os mesmo possam ser encaixados; esses nem sequer conseguem uma Lei de cotas para empregos públicos, porque não seria possível empregá-los. A comunicação é essencial para se aproximar de outros e entender o que esses outros querem. Sem isso, só se passa por passar, só se age apenas pelo instinto. Imagina-se que poderia ser horrível não enxergar cores e formas, mas mais ruim do que isso seria não entender essas cores nem essas formas.
O diálogo da história acima se passa antes de Cristo. O assunto é dialogado há 2500 anos atrás, sendo o tema discutido até os dias atuais. Pode-se concluir que as coisas sempre estiveram ruins aos olhos sociais, mas nem por isso o mundo se acabou ou piorou. O girar da Terra é contínuo e permanente; as pessoas continuaram nascendo, morrendo, praticando atos ruins e bons. Como dizia Raul Seixas, em uma de suas músicas:
“… já dizia o Eclesiastes, há dois mil anos atrás, debaixo do sol não há nada de novo, não seja bobo, meu rapaz…”
Nada do que se vê ou que se faça é novidade; a novidade é nova apenas para quem ainda não a conhece. Contudo, ela sempre existiu. Não é por não conhecer leis que você não está ciente de que elas existem; a lei existe, e sempre existirá. Não é a lei que se adapta a você, e sim você que deve se adaptar a ela. O meio é cruel, e se resume a saber quem manda e quem é comandado. Quando se tem um princípio de que é preciso conhecer tudo, você aceita as coisas com maior facilidade e mais clareza. Para se buscar entender tudo, temos que aprender o que é conhecer tudo, o que não é para ser conhecido e o que será encontrado se seguir aquela lógica. Cada busca é uma resposta, e cada resposta é uma mensagem. A busca sempre esteve presente; para os Egípcios e maias, o espaço já era infinito. É de fato intrigante a ideia de ter algo sem fim, e isso é conhecido desde os tempos antigos. O homem gosta de olhar o céu, porque é grande e misterioso. Não se sabe o que se encontra lá, mas é incontestável a curiosidade do ser humano. Até os mesmos buscam entender o espaço, seja com teorias ou até mesmo buscando entender os astros, mas o ser humano nunca encontrará o que está procurando. O mais próximo de ter esse entendimento é se conhecer, mas nem mesmo isso o ser humano faz. Passamos a vida toda sem se conhecer, ou pelo menos na busca incansável desse conhecimento.
Pode-se concluir que a lógica do ser humano é um caminho árduo e longo de ser percorrido; não existem respostas prontas para as perguntas; isso apenas passa na sua cabeça. Acreditar em deus é fácil; difícil é procurar conhecê-lo, como também é muito mais difícil ser melhor do que você foi ontem. Isso passa a ser um exercício constante, assim como as conversas, as opiniões e o respeito. Enquanto pessoas paradas em lugares paradisíacos passam a acreditar que o mundo é dos inteligentes, esquecendo-se que vivem em um mundo onde cada um precisa viver e entender o próximo. Ninguém consegue entender o próximo sem antes se entender. E nunca ninguém vai conseguir entender tudo; esse é um dos principais motivos pelo qual todos os velhos, incontestavelmente, acham o mundo perdido; até mesmo o mais otimista vai ver o mundo nesse estado em que se encontra.
Em um texto como esse, já escrito há 2500 anos, se encontra as mais primitivas respostas, assim como as mais futuristas conclusões. Não se pode afirmar que alguém está errado, se esse alguém já foi você em outro momento da vida, assim como naquela época dos homens sentados na varanda, você pensaria a mesma coisa, talvez com outras palavras, mas pensaria. Eles pensavam e, dependendo da época, como eu penso, como nós pensamos, eles pensariam o mesmo que a gente. O problema é o dilema do tempo; se viajássemos para o passado e falássemos sobre o futuro, certamente a resposta seria: “você é louco”. A lógica para o que está por vir é essa; o seu destino depende única e exclusivamente de você e do que você pensa sobre o que vem pela frente. O futuro é muito lógico, por isso é ilógico. Não importa o que acontece, você sempre está pensando o que irá acontecer. Sendo assim, por mais que a ideia seja futurista, ela já acontece, pois se pensa nela.
A velhice é a melhor época para se perceber o que é futuro e o que é passado. O futuro para quem já viveu, realmente é passado; a única coisa que realmente acontece é o presente, e esse é muito breve. A infância é muito longa para quem quer ser grande, mas para quem é grande, o tempo passa muito rápido. Você se torna adulto e vive uma vida inteira, mas de repente você é velho, e acha que a vida passou rápido demais. O futuro é passado, a vida é uma só, e você precisa aproveitá-la; a melhor coisa é o agora. O problema é que quando você percebe o que é melhor, já passou da hora de viver; não há mais tempo. Você precisa mesmo é buscar ser feliz a vida toda, e não esperar acontecer. Acontece, simplesmente acontece.
E como já dizia o Eclesiastes: “debaxo do sol não há nada de novo; o que foi, isso será; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol”. Por isso, viva o agora, faça o melhor, seja feliz e busque ser feliz a todo momento. O que importa é o hoje, o agora. O passado é uma lembrança, o futuro é um sonho. Viva a realidade do agora e seja feliz.”
Espero que essa versão corrigida tenha sido mais clara, coesa e adequada ao seu objetivo. Se precisar de mais alguma ajuda ou correção, estou à disposição!