Planos de Papel

Quando se acha necessário sair, ir embora, se jogar… a única pergunta que se pode fazer nesse momento seria: por que ir embora, qual o motivo?

Por que deixar para trás o que não se pode levar junto conosco!?

A vida corre, e junto dela tudo o que nasceu no mesmo momento que ela própria. Mas digo com certeza que quando ela se vai, leva-se muito mais bagagem do que se juntou durante seu percurso único e singular na linha da vida. Leva-se lembranças, visões únicas, momentos que proporcionamos para alguém, assim como momentos que nos foram remetidos, simples prazeres, simples olhares, agradáveis perfumes e constrangedores silêncios.

Não há negar o quanto é ruim e intangível o gosto do abandono. Por isso, digo que podemos permanecer, podemos prosseguir, mesmo depois da crença e da fé. Imagina ser possível ser intocável, ser preferência de um grupo de pensamentos.

Se jogar não pode ser de fato ter que sair de casa ou se separar daqueles que estão por perto e por enquanto. Se jogar é se libertar de tabus, crenças e modas passageiras; é o modo mais certo de você ser lembrado por quem você realmente é e ainda conseguir ser tolerado por quem realmente gosta de você.

Mantenha seus pensamentos e gostos à mostra, oponha-se, diga não para aqueles que querem te fazer pensar de um determinado modo, pois a sua diferença está no seu jeito particular.

Quando recordamos de pessoas, recordamos pelo fato delas serem particulares, exclusivas e, de alguma maneira, íntimas da gente; então que venha a saudade! Digo que vale a pena termos pessoas com pensamentos semelhantes aos nossos, lembrando sempre que essas pessoas fizeram de alguma forma uma diferença no nosso jeito de pensar, e não pense só em pessoas próximas, amigos íntimos ou colegas de mesas de bar. Lembre-se daqueles que estão presentes no seu dia-a-dia; na casa, na sua rua, no seu trabalho, na sua música preferida composta há anos atrás por alguém que às vezes você não sabe nem sequer o nome; nas leituras que você levou para sempre no seu propósito de vida, lidas em ônibus ou nas páginas de jornais e livros que você gosta e presta atenção, nos aprendizados que, de forma inconsciente, fazem parte desse contexto e já estão presentes na sua rotina.

Por isso, a importância de se manter antenado no que se passa em sua casa, na sua família, na sua ida ao trabalho e em tudo o que te rodeia, tudo o que você vê e ouve.

Por enquanto, os olhos ainda estão abertos, e consegue-se filtrar aquilo que queremos e gostamos.

Planos de papel; meras anotações, repetitivos recibos e extratos de controle capital. Não se preserva um espaço no meio do dia para escrever um pensamento de próprio punho, alegando que não tem tempo para fazer isso. Enquanto aqueles que escrevem e exibem seus rabiscos ainda correm o risco de não serem absorvidos.

Todos que deixam rastros por onde passam, deixam além de simples rastros, conceitos e ideias que outras pessoas podem absorver. Moda passageira, futilidades, interesses em terceiros não levam e não deixam informações de conteúdo, muito menos agradáveis memórias. Por isso, se jogue! Não passe apenas por passar! Busque seus gostos, livros que você nunca leu, músicas significativas e material mais rico em polêmica. Brigue pelo que acha certo, sendo maleável à ignorância alheia.

Não há negar que a partida é triste, ainda mais quando alguém que participa do nosso presente se vai sem antes se despedir. Contudo, podemos reaver seus íntimos se essa deixou algo que a tornasse perpétua dentro das nossas ideias. O simples fato de gravar um pensamento pode gerar a resposta da pergunta que interessa a alguém, sendo que esse alguém pode ficar eternamente grato por quem a respondeu.

Pessoas morreram jovens e ainda estão aqui, enquanto outros que são velhos nunca nem sequer ofereceram a chance de sabermos o que eles têm para oferecer.

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