Prestem atenção no que eu vou lhes dizer! Vocês dois, ouviram!” – quando disse isso, estava com os olhos vidrados e possuídos pela certeza. Sentou-se um pouco mais calmo e novamente quis fazer seus amigos entenderem que as coisas fluíam de uma forma e, como sempre, ganhava uma discussão empunhando um ar de convicção que dificilmente seria detido.
Na sua cabeça, era tudo muito óbvio, certo e organizado; imaginava estar diante de um esplendoroso mar de satisfações. Então, quando lhes tiravam de lá, simplesmente refutava.
“Será que não veem o quanto estão sendo ridículos ao pensar dessa forma? Não enxergam as verdades que o mundo lhes mostra? Está bem claro para quem quiser ver, estou lhes dando a oportunidade de verem também, mas ao invés disso só retrucam asneiras e querem gritar mais alto apenas para proteger a si mesmos da dor que é perceber que não sabem do que estão falando.”
Após esse desfecho, nosso protagonista inclina-se sobre a cadeira enquanto leva um saboroso chopp até a garganta e cruza as pernas. Seus amigos pálidos e aflorados pela rigidez com que aquelas palavras tinham sido ditas. Um deles, naquela ocasião, estava com problemas pessoais e aquelas palavras entraram em sua alma como blasfêmia ou coisa do tipo e, em um surto de raiva contida, disse que o que acabava de afirmar não tinha sentido algum e que poderíamos seguir a noite naquele bar; que ao sol cruzar o horizonte, ele não estaria convencido de nada do que poderiam dizer, pois as palavras estariam saindo da boca de uma pessoa em situação pior do que ele, como alguém com menos vai entender do que estou falando, você pode tirar suas conclusões pela vida que cada um leva, enquanto uns trabalham e criam seus filhos, outros trabalham e vadiam, que é o caso do nosso chegado.
O protagonista, mesmo diante das reações de seus amigos, manteve sua postura firme, convicto de que estava certo em suas afirmações. Para ele, parecia óbvio que as verdades que via no mundo eram claras e evidentes, e ficava frustrado com a resistência dos outros em enxergar o que para ele era tão claro.
No entanto, um dos amigos, provavelmente passando por problemas pessoais, não conseguiu aceitar as palavras do protagonista. Sentindo-se atacado e menosprezado, ele reagiu com raiva, afirmando que as palavras ditas não faziam sentido e que seguiriam com a noite no bar. O amigo pareceu acreditar que as experiências e vivências de cada um moldam suas perspectivas e compreensões, e que o protagonista não poderia realmente entender sua situação.
Enquanto o protagonista cruzava as pernas e saboreava seu chopp, seus amigos ainda pareciam abalados pelas palavras proferidas com tanta convicção. A discussão evidenciou o contraste entre suas visões de mundo, com o protagonista defendendo sua postura assertiva e seus amigos sentindo-se atacados e incompreendidos.
Assim, o clima naquela mesa de bar refletia a complexidade das relações humanas, com diferentes perspectivas e visões de mundo colidindo e criando tensões. O protagonista continuou acreditando que estava certo, enquanto seus amigos seguiram com suas próprias convicções, cada um carregando consigo sua bagagem única de experiências e vivências.
Imagem do site: www.ruidepaula.com.br
A Servidão Moderna
O consumo excessivo das massas e o domínio do capital sobre o poder público não são nada mais do que reflexos da nossa capacidade natural de estar no topo da cadeia alimentar. A mercadoria, porém, é o combustível para o capital gerar mais combustível, ou seja, mais mercadoria que gerará mais e mais combustível, em um ciclo interminável que poderá gerar o nosso fim. Somos reféns da nossa causa e causadores da nossa extinção. A desigualdade causada pela má distribuição de renda e consumo excessivo de uns perante outros é simplesmente reflexo dessa natureza; contudo, nenhuma natureza terrestre é tão desigual quanto a do homem, talvez por ser muito mais competitiva e violenta que qualquer outra. Os meios nos trazem o que consumir, e só esses meios são os principais fatores nessa corrida “sem pódio ou beijo de namorada”… O rádio, carro, televisão, computadores e celulares são os principais meios de comunicação, permitindo que as mercadorias cheguem até nós de qualquer lugar da Terra, facilitando até mesmo o transporte material, visual e digital dessas mercadorias. As publicidades governamentais, privadas ou sem fins lucrativos não são nada mais do que formas de avisar, informar e, por que não, conscientizar aqueles que estão retardatários dentro dessa competição. A igualdade, assim como tratou o documentário, talvez nunca seja solucionada e alcançada; entretanto, da mesma forma que os meios de comunicação ajudam nos transportes de mercadorias e produtos, eles também ampliam o conhecimento e avisam que situações de extrema pobreza existem e estão por todo o mundo, possibilitando e, por que não, uma busca para que isso tenha fim. Resta então questionar apenas se a felicidade de que tanto se fala está sendo buscada ou sequer alcançada. Em minha opinião, não se trata de felicidade ou querer estar feliz, pois essa felicidade não é nada mais do que uma mercadoria, igual à que o documentário está taxando de condenatória e superficial, tentando vendê-la da mesma forma que a condena. Escravo ou não, nós somos singulares e queremos uma fatia do bolo. Apesar da nossa singularidade e egoísmo, somos seres coletivos e isso ainda é a forma mais eficaz de nos mantermos vivos; por isso, a busca incessante por mais mercadorias continuará, mais rápida e, quem sabe, mais eficaz, podendo levar mais para quem tem de menos. O poder não deve ser conquistado; ele já é nosso.
“Revolução eu fazer de maneira diferente, tiro o ódio do coração e tenta usar mais a mente”,
Stab – Planet Hemp
Análise e posição sobre o documentário A Servidão Moderna, de Jean-François
2 anos ago Categorias, Critica Social, Crônica, Cultura, Psicologico, Reflexão, Reflexão Social • Tags: comportamento, cultura, futuro, moderna, modernidade, pessoas, servidão, tecnologia